O que configura o conceito de politicamente correto no marketing?

Não há dúvidas que o termo politicamente correto no marketing tem sido muito utilizado e com um propósito mais do que relevante, que é utilizar-se de um discurso neutro com o intuito de excluir estereótipos e principalmente evitar discriminações como racismo, sexismo, homofobia, entre outros. Estamos vivendo uma era de mudanças. Movimentos de busca pelo que é certo, pelos direitos humanos, pela igualdade e  valorização do que é considerado correto. São movimentos, mudanças de consciência, de padrões e de ideais.
Atualmente com 10 anos de experiência na área da publicidade, estou emergindo da era tradicional para a era de transformações dos conceitos de marketing. São inúmeros os termos e conceitos que não existem mais, além dos que estão mudando a todo momento. Não definimos mais público-alvo e sim personas, a mídia tradicional que nos passa credibilidade e confiança está perdendo vez para a velocidade da informação das mídias digitais e, no meio disso tudo, a diversidade ganhando enfim, espaço e voz.
Está crescendo muito o número de empresas que não vendem apenas um produto ou serviço, e sim, um  propósito maior em prol de um todo. Inclusive, um fator mais do que importante para desenvolver uma marca de sucesso é trabalhar em cima de um propósito, de uma verdade. Sri Prem Baba, Mestre espiritual convidado para palestrar na abertura do último Festival Path (O maior festival de inovação e criatividade do Brasil), defendeu que o caminho do propósito não é apenas uma opção de marketing gratuito e sim, de verdade de vida: “se não estamos seguindo o programa da nossa alma, não importa o tamanho do sucesso que conquistamos no mundo, seguimos carregando uma angústia”. Além disso, Ana Couto  – CEO da Ana Couto Branding e autora premiada de diversas publicações internacionais em livros especializados da área, em uma palestra no último RD Summit (Maior evento de Marketing Digital da América Latina, citou o surpreendente dado de que 67% dos consumidores procuram consumir marcas que possuem um propósito e ainda, estão dispostos a pagar 7% mais caro pelo produto ou serviço dessas empresas. Diria que um belo incentivo à expansão de consciência social.
Porém, em entrevista com alunas do curso de Publicidade do Centro Universitário Franciscano, surgiu o grande questionamento:  até que ponto, empresas que estão vendendo ideias e verdades “politicamente corretas” realmente acreditam nessa causa, ou estão fazendo isso apenas para gerar identificação e lucro? Alguns exemplos de marcas que mudaram o seu posicionamento, nos fazem refletir sobre essa questão. Cervejarias que passaram a abordar a mulher não mais como objeto de desejo masculino e apostaram na luta a favor do feminismo, ou então, marcas de alimentos que vendem o conceito de utilizar produtos provenientes de fazendas sustentáveis, com o propósito de dialogar com o público mais jovem que está preocupado com a saúde do planeta.  Esses seriam valores reais, ou seria apenas uma apropriação de valores para gerar identificação e consequentemente ainda mais lucros e mais consumismo? Seria politicamente correto no marketing vender uma ideia mesmo que o propósito dessa ação seja apenas gerar mais consumismo, ou seria politicamente correto vender propósito de verdade?
Alguns diriam que o importante é vender um valor, um ideal que esteja de acordo com o que é politicamente correto para um todo e que isso já basta. Mas, o que grande parte da população não percebe é que nem sempre o valor a ser vendido pela empresa é algo realmente cumprido, uma luta de verdade, e não apenas uma hipocrisia social. A reflexão que deixo para os gestores é se questionar e analisar se você e a sua empresa fazem parte daqueles que querem mudar uma sociedade em prol de algo maior, ou se o seu objetivo enquanto um gestor é apenas se apropriar de valores morais para fazer marketing de valor. E para o leitor, o alerta de sempre conhecer bem de onde vem o produto que está consumindo, conhecer os verdadeiros valores dessas empresas, dessas pessoas e ajudar a valorizar as  que são politicamente corretas de verdade.
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